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Ala do Exército quer que Pazuello e militares do governo entrem para a reserva
16/07/2020 23:11 em Novidades

General Pazuello: interino na Saúde desde maio.

Dentro do generalato, há temor que Forças Armadas sejam responsabilizadas por maus resultados do governo.

Severino Motta
by 

Repórter do BuzzFeed News, Brasil

 

Uma ala do Exército, em especial dentro do grupo de generais da ativa, quer que os militares que ocupam cargos no governo entrem para a reserva se forem seguir em cargos na Esplanada dos Ministérios. A informação foi repassada ao BuzzFeed News por três generais da ativa que, por ainda estarem no cargo, pediram para que seus nomes fossem mantidos sob reserva.

O principal desconforto desta ala é com o Ministério da Saúde, liderado pelo general da ativa Eduardo Pazuello, interino no comando da pasta há 60 dias, período em que a curva de mortes por coronavírus se acentuou. O país ultrapassou 75 mil mortes por Covid-19 nesta semana e ainda não há sinais que a pandemia tenha começado a ceder.

A situação escalou na semana passada, quando o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes disse que o Exército estava se associando ao "genocídio" das mortes pelo coronavírus. A escolha da palavra "genocídio", crime que pode ser processado inclusive em cortes internacionais, por Gilmar, um jurista, não foi fortuita e gerou reações da cúpula das forças.

De acordo com os três que conversaram com a reportagem, o desconforto é crescente dentro da cúpula do Exército. O temor é que as Forças Armadas, que são instituições de Estado, sejam culpadas por eventuais erros do governo do presidente Bolsonaro.

Estes generais alegam que as Forças Armadas conseguiram se manter distantes da política nos governo de FHC, Lula, Dilma e Temer, e que o mesmo deveria acontecer na gestão de Jair Bolsonaro.

De acordo com levantamento do jornal “O Estado de S.Paulo”, há cerca de 2.900 militares da ativa no governo, o que desvirtuaria o papel institucional de Defesa das Forças Armadas.

Ainda segundo eles, ao agregar militares em sua gestão, Bolsonaro estaria fazendo uma espécie de “militarização forçada” de sua administração, dividindo com as Forças Armadas os ônus de suas decisões políticas.

Para estes generais, Bolsonaro tem errado na economia e fez um papel muito ruim na pandemia, promovendo aglomerações, sendo garoto propaganda da cloroquina e tentando abrir comércios com base mais em critérios políticos do que técnicos.

Neste cenário, com sua associação às Forças Armadas, dizem que Bolsonaro estaria prejudicando, com ações políticas, a imagem da instituição de Estado que é responsável pela Defesa, e não por participar de governos.

Eles também criticam a aproximação da gestão Bolsonaro com o centrão. A avaliação é de que, após a retirado do PT do Poder, seria preciso se combater esta ala fisiológica formada por partidos como PP, PL, PTB, PSD, DEM, entre outros.

Fonte: https://www.buzzfeed.com/br/severinomotta/generais-pazuello-reserva

 
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